domingo, 31 de agosto de 2014

Marina Silva, a candidata da bolsa de valores




Luciano Martins Costa, via Observatório da Imprensa

Na terça-feira, dia 26/8, enquanto os cidadãos comuns esperavam a divulgação oficial da mais recente pesquisa de intenção de voto do Ibope, operadores do mercado financeiro faziam dinheiro e integrantes dos comitês de campanha corriam para fazer ajustes no ensaio para o primeiro debate na tevê dos candidatos à Presidência da República.

A imprensa registra que as especulações sobre uma mudança drástica no cenário eleitoral fizeram a bolsa de valores fechar o pregão de segunda-feira perto dos 60 mil pontos, o nível mais alto desde 2013. O motor do mercado de ações foi novamente a Petrobras, cujos papéis tiveram uma valorização de 5%, por conta do boato de que a candidata do PSB, Marina Silva, apareceria em segundo lugar na pesquisa, o que aumentaria as chances de haver um segundo turno.

Como os investidores acreditam piamente que a empresa nacional de petróleo vai produzir mais lucro com um governo amigo daqueles que vivem de renda, a possibilidade de uma derrota da atual presidente anima o pregão. Então, o leitor crítico, que costuma olhar o prazo de validade de tudo que compra, se pergunta: “Mas não é Marina Silva que está crescendo? E ela não seria mais indigesta para os defensores do livre mercado, ao contrário de Aécio Neves?”

Pois então: o mercado está convencido de que uma eventual presidente Marina Silva não seria a mesma Marina Silva que construiu sua carreira no movimento ambientalista e que, isolada num partido que é o contrário de suas pregações, seria facilmente engolida pelo sistema que pretende transformar. Essa avaliação vem sendo divulgada intensamente por corretoras e até gerentes de bancos, com base em declarações da economista-chefe da consultoria Rosenberg Associados, Thaís Zara (ver aqui).

Para o mercado, segundo essa análise, Aécio e Marina são igualmente confiáveis. A presença na chapa do PSB do deputado gaúcho Beto Albuquerque, como candidato a vice-presidente, é vista como uma garantia de que Marina não apenas será domesticada pelo mercado, como ficará mais vulnerável à ação do lobby de empresas que atualmente abomina, como as gigantes do setor de agrotóxicos e a indústria de cigarros.

Dormindo com o inimigo

Beto Albuquerque não é apenas simpatizante desses setores: sua carreira tem sido financiada por produtores de fumo e pela Monsanto, multinacional que é o avesso de tudo que Marina Silva representa. Além disso, ele é um dos articuladores de projetos que pretendem transferir para o Congresso Nacional e as Assembleias Legislativas dos estados a prerrogativa de delimitar as terras indígenas, assunto que interessa ao agronegócio mais predador.

Com seu feroz pragmatismo, o mercado considera que a candidata não tem força política – nem saúde – para enfrentar um embate com essas potências. Por outro lado, o leitor e a leitora que não compram gato por lebre devem ficar curiosos com o fato de o candidato do PSDB, Aécio Neves, não parecer nem um pouco preocupado com o tsunami de votos que Marina Silva está levantando. Para o candidato do PSDB, Marina é uma onda que passa “em 15 ou 20 dias”, e suas propostas não resistem às contradições que assume ao herdar a candidatura de Eduardo Campos.

Análises disponíveis sobre o eleitorado de Marina Silva, baseadas em dados da pesquisa Datafolha feita dois dias depois da morte do ex-governador de Pernambuco, dão conta de que ela capitalizou o desejo de mudança que se manifestava desde os protestos iniciados em junho do ano passado. Assim, ela seria a escolha dos mais jovens e daqueles que, descontentes com o atual governo, também descartam a polarização com o PSDB.

Marina tem um problema: se acena para o mercado, desagrada os eleitores; se reafirma seus princípios, espanta o mercado e perde apoio na imprensa.

A pesquisa Ibope que será divulgada na tarde de terça-feira, dia 26/8, registra o pico da “onda” Marina. O debate na TV Bandeirantes, que se realiza em seguida, vai refletir esse quadro.

O problema, para Aécio Neves, será administrar o dano que o crescimento da ex-ministra vai causar em seus indicadores neste primeiro movimento. Para a presidente Dilma Rousseff, trata-se de ficar onde está e esperar o refluxo das águas.

A campanha para valer começa exatamente nesse ponto.

Do Limpinho e Cheiroso

http://limpinhoecheiroso.com/2014/08/31/luciano-martins-costa-marina-silva-a-candidata-da-bolsa-de-valores/

Ciro Gomes: Mensalão e Mídia




terça-feira, 26 de agosto de 2014

Eduardo Guimarães: Inflar Marina foi o maior tiro no pé que a mídia já deu

 Entre selfies, caras e bocas, Marina não conseguiu conter seu abatimento com a morte de E. Campos


Em algumas horas, sairá a primeira pesquisa sobre a sucessão presidencial posterior ao auge da comoção provocada por um espetáculo sórdido que apelidaram de “velório de Eduardo Campos”. Devido ao considerável volume de pesquisas privadas que têm sido feitas, já dá para arriscar uma previsão sobre como está a corrida pela Presidência da República.

A pesquisa Ibope que está para ser divulgada deve mostrar o seguinte quadro: Aécio despencando com força, Dilma melhorando um pouco (mais provavelmente em aprovação pessoal e de seu governo, mas pouco ou nada em intenções de voto) e Marina disparando e ultrapassando o tucano.

Nenhuma surpresa, até aqui. Na segunda-feira da semana passada (18/8), este blog já avisava que Marina é problema de Aécio, não de Dilma. Pelo menos no primeiro turno. No segundo, a conversa é outra. Inclusive porque pode não haver segundo turno.

Devido à contaminação pelos desejos dos que encomendaram as tais “pesquisas privadas” citadas no primeiro parágrafo, há que ter cuidado. Contudo, alguns afirmam que Aécio caiu tanto que, mesmo com a forte subida de Marina, a soma dos votos dos adversários de Dilma pode ser insuficiente para levar a eleição para o segundo turno.

Esse quadro, ao menos em pesquisas Ibope, Datafolha ou Sensus (instituto que, nesta eleição, trabalha para o PSDB), dificilmente será mostrado, caso exista. Em 2014, à diferença de 2010, Dilma não conta com nenhuma série de pesquisas de um instituto isento – os que vêm apurando o cenário são ligados à mídia tucana. Mas a possibilidade existe…

Seja como for, o imenso prejuízo que a candidatura de Marina causou a Aécio já é, praticamente, uma certeza. Poucos acreditam que o Ibope deixará de mostrá-lo sendo fortemente ultrapassado por ela.

Claro que Marina representa ameaça a Dilma em um eventual segundo turno. A mesma pesquisa prestes a ser divulgada pode/deve mostrar que, se houver uma segunda eleição, a “socialista” venceria a petista, ainda que por margem igual ou ligeiramente superior ao limite da margem de erro. Mas, detalhe: só se a eleição fosse hoje. E não é.

O problema de Marina é que a eleição só ocorrerá daqui a mais de um mês, tempo suficiente para ela ser submetida à máquina tucana na mídia. Aliás, segundo vários analistas essa máquina já começará a ser posta em funcionamento na próxima quarta-feira, quando ela for submetida ao interrogatório do Jornal Nacional.

Devido a esse suposto naufrágio da candidatura de Aécio, William Bonner e Patrícia Poeta podem/devem partir com tudo para cima de Marina brandindo o caso do avião que caiu com Eduardo Campos, por suspeita de a aeronave ser produto de caixa 2.

Aécio e Dilma não devem partir já para cima de Marina. Dilma porque ela não é sua adversária no momento e Aécio porque confia na mídia para fazer o serviço por ele. Desse modo, já no fim de semana a mídia tucana começou a bombardear Marina. E não vai parar enquanto ela não cair ou não ficar claro que Aécio não tem mais chances de ir ao segundo turno, se houver segundo turno.

De uma coisa, porém, já se pode ter certeza: a mídia, ao inflar Marina como inflou logo após a morte de Campos, deu um tiro de canhão no próprio pé. Acreditou firmemente que, por ser tida como “de esquerda”, tiraria votos de Dilma. Foi um erro crasso. Que esquerdista vota numa candidata que tem o segundo maior banco do país por trás de si?

Mais: veja, leitor, quem são os “honoráveis empresários” que cederam um avião a jato a ela e a Campos. Tutti buona gente. Fizeram com os dois um acordo nebuloso para lhes emprestar (?) ferramenta imprescindível numa campanha nacional: um jatinho.

Marina, de esquerda? Então tá.

Mas, como já se disse aqui, Marina, neste momento, é problema de Aécio. E, por ser problema de Aécio, ela é, também, problema da mídia tucana – Globo, Folha, Veja e Estadão, a priori. E, sendo problema da mídia tucana, quanto mais passar o tempo, mais ela deve ser atacada. A menos que Aécio caia muito. Nesse caso, pode ocorrer outro fenômeno. Muito mais divertido.

Marina é uma aposta de extremo risco. Seu governo pode vir a ser qualquer coisa. Pode ser tomado pelo PSDB, mas muitos acham que o PT poderia adquirir hegemonia.

PMDB? Claro que sim, mas não será suficiente. Um governo do PT ou do PSDB terá uma forte base parlamentar própria. Sobretudo se Dilma vencer. O PT deve sair dessa eleição com cerca de uma centena de deputados. O PSDB, com metade disso. Seja como for, para montar uma base de apoio sólida Marina teria que negociar tudo e com quem pagar mais.

Um desastre para o Brasil.

Imagine se Marina vence e cumpre a promessa de governar com PT e PSDB. Seria um governo em guerra permanente.

Por outro lado, as manias de Marina. Apesar de ter a dona virtual do Itaú coordenando sua campanha, apesar de estar andando com um cabeça de planilha (Eduardo Gianneti) a tiracolo, parte do mercado – e não é só o agronegócio – teme suas conhecidas esquisitices. Afinal, uma candidata que vem lutando contra a construção de hidrelétricas não chega a ser o ideal para o mundo capitalista…

Tudo isso que você acaba de ler foi escrito para demonstrar que Marina é muito menos confiável e desejável/aceitável para o capital do que Aécio. Porém, ela pode vencer. Eis que, entre ela e Dilma, o mercado pode tender a ficar com a segunda, que seria considerada o “mal menor” na falta do tucano.

A mídia pensou que, inflando Marina, ela ganharia alguns pontinhos nas pesquisas, mas não mais do que o suficiente para provocar um segundo turno entre Aécio e Dilma. Não a levou a sério. Não imaginou que cresceria tanto. E, o que é mais, de jeito nenhum imaginou que Aécio seria o maior prejudicado.

Um petista que sabe das coisas disse ao Blog que a mídia tucana não conhece o eleitorado brasileiro. Conhece-o tão pouco quanto o próprio PSDB. A campanha nauseante de “santificação” que Globos, Folhas, Vejas e Estadões fizeram para Marina comprova essa tese. Agora, a mesma mídia terá que desconstruí-la para Aécio. Haverá tempo?

Texto e foto do Blog da Cidadania 

http://www.blogdacidadania.com.br/2014/08/inflar-marina-foi-o-maior-tiro-no-pe-que-a-midia-ja-deu/?utm_source=twitterfeed&utm_medium=facebook

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

BILHETE ABERTO A DONA DILMA.




BILHETE ABERTO A DONA DILMA.


Cara Dona Dilma, 

A senhora não tem noção da pica que é ser seu eleitor e ser de classe média, É uma tarefa digna pra entrar para aquela lista dos doze trabalhos de Hércules. E cairia muito bem, afinal seria o 13° Trabalho e mais um 13 no nosso mapa de coincidências.

Vou até me retratar. A senhora na segunda-feira passada sentiu no couro o que é ser seu eleitor quando foi torturada pelo William Bonner e uma tal de Patricia Poeta. Ali, a senhora teve uma pequena amostra de por que nós, seus eleitores de classe média, passamos todos os dias.

Mas fique tranquila, Dona Dilma. Aquele espetáculo grotesco aparentemente não a abalou. Assim como nossos amigos coxinhas, que no subconsciente se acham da família real, também não nos abalam e ainda servem de apoio moral para continuarmos a tua, a minha, a nossa luta.

Sei que para desgosto dos meus amigos supracitados e dos seus inquisidores, após esse período atribulado, teremos a sua reeleição. Nós, por estarmos mais vulneráveis, sofreremos mais, porém, como não temos que nos submeter às "liturgias" do cargo, podemos apelar para algum "papo reto".

Para completar, espero que essa dolorosa batalha deixe na senhora as mesmas cicatrizes que ficam em nós: acho que não é pedir demais. Perdemos amizades, abalamos relações familiares... fora prejuízos pecuniários na nossa própria labuta. Portanto, não seria pedir demais um pouco de solidariedade.

Não sei os outros amigos meus mas, da minha parte, teria verdadeira ojeriza e um sentimento de ter me desgastado em vão depois de ouvir toda a sorte de impropérios , mentiras, falta de respeito e até terrorismo dessa emissora chamada Globo, a senhora vá fritar bolinhos de chuva com a Ana Maria Braga, como se nada tivesse acontecido.

Ao invés de Bolinhos de Chuva desejo do fundo do coração que a senhora mande àquela emissora sonegadora e bandida uma chuva de meteoritos, um furacão, um tsunami e na falta de nada mais criativo, promova uma devassa fiscal, um enquadramento e um corte substancial de verbas.

Atenciosamente",

*Rubem Rodriguez Gonzalez.

https://www.facebook.com/rubem.gonzalez

Ref. 725126460907209
Nº 08.0120.0122-2208/14

Vai de Marina? Veja com quem ela "anda"...




sexta-feira, 15 de agosto de 2014

O piloto não errou. Mas Eduardo Campos...




A BALADA DE EDUARDO CAMPOS

Por um momento, desses que enchem os incautos de certezas, o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, achou que era, enfim, o escolhido.


Beneficiário singular da boa vontade dos governos do PT, de quem se colocou, desde o governo Lula, como aliado preferencial, Campos transformou sua perspectiva de poder em desespero eleitoral, no fim do ano passado.

Estimulado pelos cães de guarda da mídia, decidiu que era hora de se apresentar como candidato a presidente da República – sem projeto, sem conteúdo e, agora se sabe, sem compostura política.

O velho Miguel Arraes, avô de Eduardo Campos, faz bem em já não estar entre nós, porque, ainda estivesse, morreria de desgosto.

E não se trata sequer da questão ideológica, já que a travessia da esquerda para a direita é uma espécie de doença infantil entre certa categoria de políticos brasileiros, um sarampo do oportunismo nacional. Não é isso.

Ao descartar a aliança com o PT e vender a alma à oposição em troca de uma probabilidade distante – a de ser presidente da República –, Campos rifou não apenas sua credibilidade política, mas se mostrou, antes de tudo, um tolo.

Acreditou na mesma mídia que, até então, o tratava como um playboy mimado pelo “lulo-petismo”, essa expressão também infantilóide criada sob encomenda nas redações da imprensa brasileira.

Em meio ao entusiasmo, Campos foi levado a colocar dentro de seu ninho pernambucano o ovo da serpente chamado Marina Silva, este fenômeno da política nacional que, curiosamente, despreza a política fazendo o que de pior se faz em política: praticando o adesismo puro e simples.

Vaidosa e certa, como Campos, de que é a escolhida, Marina virou uma pedra no sapato do governador de Pernambuco, do PSB e da triste mídia reacionária que em torno da dupla pensou em montar uma cidadela.

Como até os tubarões de Boa Viagem sabem que o objetivo de Marina é se viabilizar como cabeça da chapa presidencial pretendia pelo PSB, é bem capaz que o governador esteja pensando com frequência na enrascada em que se meteu.

Eduardo Campos é o resultado de uma série de medidas que incluem a disposição de Lula em levar para Pernambuco a Refinaria Abreu e Lima, em parceria com a Venezuela, depois de uma luta de mais de 50 anos. Sem falar nas obras da transposição do Rio São Francisco e a Transnordestina. Ou do Estaleiro Atlântico Sul, fonte de empregos e prestígio que Campos usou tão bem em suas estratégias eleitorais

Pernambuco recebeu 30 bilhões de reais do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, do qual a presidenta Dilma Rousseff foi a principal idealizadora e gestora.

O estado também ganhou sete escolas técnicas federais, além de cinco campi da Universidade Federal Rural construídos para melhorar a vida do estudante do interior.

Eduardo Campos cresceu, politicamente, graças à expansão de programas como Projovem, Samu, Bolsa Família, Luz para Todos, Enem, ProUni e Sisu. Sem falar no Pronasci, que contribuiu para a diminuição da criminalidade no estado, por muito tempo um dos mais violentos do País.

Campos poderia ser grato a tudo isso e, mais à frente, com maturidade e honestidade política, tornar-se o sucessor de um projeto político voltado para o coletivo, e não para o próprio umbigo.

Arrisca-se, agora, a ser lembrado por ter mantido entre seus quadros um secretário de Segurança Pública, Wilson Damázio, que defendeu estupradores com o argumento de que as meninas pobres do Recife, obrigadas a fazer sexo oral com marginais da Polícia Militar, assim agiam por não resistirem ao charme da farda.

“Quem conhece Damázio, sabe que ele não tem esses valores”, lamentou Eduardo Campos.

Quem achava que conhecia o governador do PSB, ao que tudo indica, ainda vai ter muito o que lamentar.

do Partido dos Trabalhadores