quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Dilma na ONU: perdeu, cowboy! “Especialistas” brasileiros não gostam


Do Correio do Brasil

Dilma foi à ONU e fez o esperado de uma presidenta que defende o interesse nacional: espinafrou Obama pela espionagem ao Palácio do Planalto, à Petrobrás e aos brasileiros em geral. Perdeu, cowboy! Não estamos no velho oeste. Ou estamos?
Dilma não fez isso por ser de “esquerda”. Dos últimos presidentes brasileiros, creio que quase todos fariam o mesmo, com mais ou menos ênfase: Sarney, Itamar, Lula, até Collor. Quanto a FHC, não sei, sinceramente.
Tão esperada quanto a postura altiva de Dilma foi a reação de certos “especialistas” ouvidos por nossa imprensa. Terminado o discurso da presidenta, ouço numa rádio em São Paulo um jovem “especialista” em relações internacionais. A avaliação dele é a seguinte (não são palavras textuais; resumo o que escuto enquanto dirijo pelas ruas engarrafadas): “tanto faz o conteúdo do discurso, fale o que quiser a presidenta isso não muda nada, espionagem é algo comum e vai ser sempre assim”. O jornalista da rádio, timidamente, insiste: “mas aí não seria tomar a atitude errada como normal?”. E o “especialista” (da ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing; não consegui anotar o nome dele) responde: “não, veja, querer acabar com espionagem é como querer proibir o drible no futebol.”
Sofista. Da pior qualidade. Que bobagem colossal. Não, caro especialista, sua metáfora está equivocada. Se quisermos manter o debate no campo do futebol, eu diria que aceitar a espionagem como “normal” ou “comum” seria como dizer assim: “todo jogo de futebol sempre vai ter cotovelada, ou juiz comprado; então, é besteira reclamar; o negócio é dar cotovelada ou comprar o juiz também.”
Já houve um tempo, caro especialista, em que o mundo aceitava como “comum” a tortura. Ah, se todos torturam na guerra, vamos fazer o mesmo então? Não. O mundo caminhou para estabelecer tratados que tentam banir a tortura. O caminho é longo, mas o princípio foi estabelecido.
Não à barbárie. Sim à defesa do interesse nacional. Nada melhor do que uma presidente que já sofreu tortura de um regime autoritário para dar esse “chega pra lá” no vale-tudo. Sim, a presidenta que “não pode entrar nos EUA porque é terrorista” (lembram como ouvíamos isso em 2010, durante a campanha?) foi à ONU e disse o que os Estados Unidos não queriam ouvir: alto lá, vocês não podem tudo!
Da mesma forma, o uso das armas químicas poderia ser encarado como “normal”. Ah, não adianta reclamar , certo? É uma arma à disposição, todos vão usar – certo? Nem Obama pensa assim (ainda que saibamos que a censura ao uso das armas químicas na Síria, por parte do EUA, seja hipócrita, já que Obama tolera armas químicas, desde que estejam nas mãos “certas”). Mas vale o mesmo raciocínio: o mundo concordou que é necessário criar regraas para evitar o uso das armas químicas numa barbárie total.
O argumento do “especialista” da rádio é o da guerra de todos contra todos. É o vale-tudo. Na verdade, é apenas um sofisma para minimizar a ação altiva de Dilma, e para justificar a posição que durante tantos anos adotamos aqui no Brasil: “ah, os EUA são mais fortes; aceitemos a realidade, e tiremos os sapatos pra eles”. Nas redes sociais e nas ruas, esse mesmo pensamento encontra algum eco. É o servilismo travestido de “pragmatismo” rastaquera: o mundo é assim, que fazer.
A naturalização do uso da força já serviu pra justificar escravidão (“o mundo é assim, há senhores e escravos”), e a manutenção do domínio colonial (“o mundo é assim, há povos que nasceram para comandar, outros nasceram pra ser comandados). Ouvir essas bobagens de um inglês do século XIX ou início do século XX seria até compreensível: estaria defendendo os interesses do Império Britânico. Ouvir isso de um “especialista” brasileiro no século XXI é a constatação de que o caminho para a libertação nacional é longo. Os principais inimigos estão aqui dentro: nas universidades, na mídia, nas classes médias que compram o “ah, isso é normal, os EUA têm mais é que espionar mesmo”.
Raciocínio subserviente; e tosco, além de tudo. Porque, se é verdade que a espionagem não vai acabar, parece óbvio que a melhor forma de criar algumas regras para evitar a barbárie completa nessa área é constranger o “espião”. Constranger o mais forte, às vezes, é uma forma de tornar o mundo menos bárbaro. Expor e denunciar o uso abusivo da força é uma estratégia inteligente e necessária. Foi assim que as mulheres conseguiram impor leis que penalizam aqueles homens que usam a força para cometer abusos sexuais. No passado, o abuso era tolerado dentro de um casal (“normal”, o marido ou parceiro é mais forte, fazer o que…).
Para concluir, uma ressalva: precisamos, sim, lutar contra a barbárie do vale-tudo no campo da informação e da comunicação; mas devemos estar preparados para o caso da barbárie internacional se impor. Ou seja: devemos denunciar o vale-tudo dos EUA, e ao mesmo tempo devemos equipar nosso Estado, criando sistemas de inteligência dignos desse nome. Enquanto o antigo SNI (ABIN) seguir a concentrar esforços na espionagem de movimentos sociais (sindicatos, MST etc), em vez de defender o interesse nacional, estamos fritos.
O mundo precisa criar regras para frear a arrogância dos Estados Unidos. Isso não é anti-americanismo. Isso é o óbvio ululante, se buscamos um mundo melhor. Gostem ou não nossos jovens “especialistas”.
Rodrigo Vianna é jornalista, editor do blog O Escrivinhador.

domingo, 22 de setembro de 2013

Vamos conversar Aécio??


por Vera Lucia
https://www.facebook.com/vera.m.lucia
texto retirado do Facebook



Eu quero conversar com vc Aécio, quero saber pq não me chamou pra conversar qdo seu partido estava vendendo o Brasil. 


Quero saber onde vc estava qdo seu partido estava no poder e não gerou empregos para que nós pudéssemos trabalhar e mudar o Brasil.


Quero saber Aécio, onde vc estava enquanto seu partido governava o país e o sucatearam, venderam as rodovias brasileiras e nunca investiram em ferrovias, portos, rodovias e aeroportos e agora vem dizer que o Brasil precisa disso? Tb quero que vc me diga, pq Minas Gerais, estado que vc governou, tem as piores rodovias do Sudeste.

Vamos conversar Aécio, pq quero saber o que foi feito com os R$ 4,3 bilhões desviados da área da saúde em Minas, enquanto vc era Governador.

Tb quero saber Aécio, pq enquanto seu partido governava meu país vcs nunca criaram uma única universidade. Pq vcs nunca investiram em educação para os jovens, não criaram oportunidades para eles estudarem, como hoje tem. Eu quero saber Aécio, pq tive que ralar muito pra pagar minha faculdade pq não existia o PróUni, CEFETES e outros programas que existem hoje.

Vamos conversar sim Aécio, eu quero saber de vc tudo sobre o propinoduto do seu partido, sobre a Privataria tucana e tantos outros escândalos envolvendo seu partido. 

Além dessas questões Aécio, quero conversar com vc sobre outras, mas antes, vc precisa conhecer tudo o que meu partido já fez e está fazendo para mudar e melhorar o Brasil, vou até te ajudar, acesse o link abaixo e estude um pouco antes de vir falar comigo, caso contrário Aécio, eu não quero conversar com vc!!

http://www.pac.gov.br/pub/up/relatorio/1ee85c2c49beca2b5aaa604bc572e558.pdf

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O cidadão Teletubbie

(Pensar pra quê? Ouvir o voto pra quê? Em nosso primário exercício de assimilação, tudo "termina em pizza" e ninguém precisa de juiz. Basta votar em enquete)
Há um momento da vida em que o mundo ao redor é um amontoado de signos sem significados. Chama-se infância. Nessa fase, uma pedra não é uma pedra. Não tem sequer nome. É apenas um material disforme que simplesmente existe. À medida que aprendemos que uma pedra é uma pedra e não um ovo, passamos a assimilar a ideia de valor e grandeza. De significado, enfim. Leva tempo.
Mal resumindo, é assim que aprendemos a compreender o mundo, até então uma associação inicial e pouco sofisticada de ideias projetadas em sílabas repetidas vagarosamente. Como numa peça de Lego, encaixamos as sílabas “a” “ma” “re” e “lo” e associamos o borrão apresentado em um cartaz, ou na tevê, ao nome das cores. Vemos o desenho de um arco ascendente e alguém explica ser um “sor-ri-so”. E descobrimos que a bola de fogo a-ma-re-la de-se-nha-da é o “sol”. Daí o sucesso de programas como Teletubbies na formação dos nossos quadrúpedes (porque ainda engatinham) não alfabetizados. Peça por peça, eles aprendem a codificar o mundo. E se tornam adultos.
Nessa nova fase, aprendemos – ou deveríamos aprender – que existe uma infinidade de tamanhos, formas e cores de pedras, algumas com muito mais do que cinquenta tons numa mesma superfície, tenham elas nomes inventados ou não. Umas têm valor de uso, e servem para a guerra. Outras têm valor de troca, e vão parar nos pescoços mais endinheirados. Alguns dirão a vida toda que, não importa o que te ensinam, é sempre bom desconfiar de afirmações categóricas de quem jura que uma pedra é uma pedra e que isto não se discute. E se uma pedra é capaz de provocar tanto embate, o que não se vê e nem se toca é nitroglicerina pura. Ao longo dos séculos, o que dá dentro da gente e e não devia também recebe nome, valor e peso, mesmo sem ter forma nem espessura. Com base nestes nomes, criamos as leis (filosóficas, físicas, jurídicas e até sentimentais). São elas as responsáveis por regular as mais complexas, inconfessáveis, inacabadas, incompletas, mal diagnosticadas e muitas vezes inomináveis relações humanas. Alguns estudam estas leis. Por anos. Pela vida toda. Mais do que qualquer outro bípede, que a essa altura da vida já não engatinha.
No mundo ideal, seria prudente ouvi-los antes de tomar posição. Mas, no mundo real, ainda estamos conectando peças de Lego, as sílabas jogadas por variações de um mesmo Teletubbie que nos ensinou a falar quando nossa manifestação verbal era ainda gutural. Tornamo-nos bípedes, mas continuamos babando, repetindo com a boca e os olhos hipnotizados, com vozes vacilantes, as associações criadas neste grande programa Teletubbies que é a televisão, o rádio, a revista, o jornal, o meme de duas frases do Facebook e o e-mail da tia indignada: “ban-di-do”, “im-pu-ni-da-de”, “is-so-é-u-ma-ver-go-nha”, “cor-ruP-Tos”, "cu-ba-nos-mal-va-dos", "va-mos-a-ca-bar-como-a-Ve-ne-zu-e-la" (custa crer que alguns aprenderam a repetir as sílabas dos "embargos infringentes" sem a ajuda do lexotan).
As associações, muitas vezes, são criadas por cores ou rostos. Não é preciso saber o que é massa nem energia nem teoria nem relatividade para associar Albert Einstein a valores como “in-te-li-gên-cia”, “ge-ni-a-li-da-de”. Não é preciso sequer formular uma frase inteira. Basta repetir uma ideia pronta. Ou praguejar. Dizer se é bom ou ruim sem explicar os porquês. E dar sequência às reações coletivas, de manada, diante do vermelho. Ou do azul. Ou da foto um ex-presidente com barba. Ou de um ex-presidente sem barba. Não é preciso ler jornal, só a primeira frase do título; basta reagir diante de uma foto. Não é preciso sequer analisar o conteúdo. Nem diferenciar uma Constituição de uma capivara. Operamos, afinal, com símbolos prontos, acabados, imutáveis. E, assim, basta ao rockeiro boa-pinta colocar um nariz de palhaço para, como um bom Teletubbie, se comunicar com a sua plateia de Teletubbie: “bo-bo, “ban-di-do”, “sa-fa-dos”, “ca-na-lhas”.
Pensar pra quê? Ouvir o decano, ou quem quer que seja, para quê? Não importa o que se diga, nem em que se embase. No fim a única associação que conseguimos fazer do amontoado de palavras voadoras de significantes sem significados durante o voto de um ministro da Suprema Corte é que tudo é só uma grande "piz-za". Ou uma vitória da “de-mo-cra-cia”. Ou uma resposta aos “gol-pis-tas”. Ou uma “in-fâ-mia” à opinião pública que grita, sonolenta, "A-cor-da-Bra-sil" e sonha com o dia em que o Congresso e o Judiciário se transformem em um grande estacionamento privado. No país do “que país é este”, os porta-vozes da suposta maioria se ressentem pela “o-fen-sas” constantes de uma corte de 11 juízes que usam as leis para afrontar a “jus-ti-ça” e proclamar a “im-pu-ni-da-de”. Ou de 594 parlamentares, “pa-gos-às-nos-sas-cus-tas” para, "on-de-já-se-viu", criarem leis. Leis para quê? Dependesse dessa maioria de pensamento binário, todas as contradições e penas e direito de defesa se resumiriam a uma grande enquete. “Se você acha que eles erraram e devem morrer, curta. Se acha que devem ser linchados, compartilhe. Participe. A sua opinião é muito importante. O final, você decide”. Nesta forma curiosa de aprimoramento democrático, pensar é dispensável, mas grunhir, feito porco, é exercício pleno de cidadania.
da Carta Capital

20 PEQUENAS CARACTERÍSTICAS DO PERFEITO IDIOTA DO FACEBOOK

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por Walter Falceta Jr.


1 - Ele adora "humor" contra o oprimido. Vibra com CQC e Marcelo Madureira. No fundo, porque é homofóbico, racista, sexista, reacionário e preconceituoso. Quando lhe pedem civilidade, responde com a estupidez habitual: "isso aí é a ditadura do politicamente correto".

2 - Ele jura que tem "opinião própria" e que ninguém faz sua cabeça. No entanto, formula seus julgamentos a partir da informação viciada que absorve, direta ou indiretamente, de Veja, Globo, Band, Estadão e Folha.

3 - Ele acredita que a corrupção brasileira foi inventada pelo metalúrgico e que o "mensalão" realmente tirou bilhões de reais do povo brasileiro.

4 - Ele adora falar em "educação padrão FIFA", mas não se ligou na luta pela destinação do royalties do petróleo.

5 - Ele exulta em exigir "saúde padrão FIFA", mas caiu no conto do vigário das corporações médicas e combate furiosamente o programa Mais Médicos.

6 - Ele nunca ouviu falar de Privataria, Mensalão Tucano e Propinoduto do Metrô. Se ouviu, finge que não se trata de assunto de maior relevância. O idiota do Facebook tem uma moral seletiva.

7 - Ao acompanhar Bonner, Casoy, Merval Pereira, Arnaldo Jabor e Reinaldo Azevedo, ele costuma bater palmas. Depois, faz cara de nojo e proclama que "antes não era assim". Acredita piamente que o Brasil tenha sido muito melhor no passado, mesmo que a História e a Matemática provem que não.

8 - Ele confunde ética com moralismo. Acredita que qualquer denúncia dos meios de comunicação hegemônicos tem peso de sentença condenatória. Vive compelido a atribuir ao governo a culpa por seus fracassos pessoais.

9 - Ele prega honestidade, seriedade e respeito aos demais. No entanto, repassa sem checar qualquer peça midiática de calúnia e difamação.

10 - Ele adora frases feitas sobre amor e felicidade, mas sofre tremendamente quando precisa compartilhar alguma parcela de seus "ativos", mesmo que na forma de tempo ou atenção.

11 - Ele acredita pertencer ao grupo denominado "gente de bem", dos pios e veneráveis. No entanto, fura fila, cola na prova, molha a mão do guarda e sonega o que pode em seus impostos. O rosto de madeira o define.

12 - Ele adora emitir críticas aos demais brasileiros como se fosse um gringo em visita ao país ou um alienígena investigando este rincão do planeta. Quando branco, procura evitar reproduzir a história dos antepassados, quase sempre degredados, renegados ou mão de obra excedente e miserável.

13 - Ele é um eterno vira-latas. Arranja um jeito de justificar qualquer agressão das potências do Norte ao Brasil. Para ele, não existe pobreza, injustiça ou sofrimento nos Estados Unidos da América. Mesmo quando lavou privadas do Tio Sam, estufa o peito para elogiar seus capatazes. 

14 - Ele se julga muito bem formado, mas não sabe fazer conta de dividir, não entende um gráfico e, quando contestado, grita desesperado que "tudo é manipulação deste governo que está aí".

15 - Ele ergue cartazes para pedir um "um país melhor", mas por dentro odeia ver o filho de porteiro na universidade, a servidora doméstica na agência de automóveis e o servente de pedreiro no check-in do aeroporto.

16 - Ele se faz de sério e repete clichês sobre sustentabilidade. Jura que deseja um futuro melhor para seus filhos e netos. No entanto, nem cogita de modificar seus padrões de consumo. Adora uma grife e sustenta as empresas que estão arrasando os recursos naturais.

17 - Ele adora afirmar que não se liga em modismos, mas não troca o avatar em que imita, no vestuário, na cosmética e na careta, as celebridades midiáticas.

18 - Ele se excita ao falar Inglês e enfiar anglicismos desnecessários em suas postagens. No entanto, ainda se atrapalha com o Português. Pode até ter decorado as regras de Gramática, mas raramente argumenta com clareza.

19 - Ele costuma dizer que "conhece muitos países", mesmo quando a França se resume ao trajeto de passeio monitorado da CVC.

20 - Ele declara admirar a democracia, mas, no fundo, não tolera a opinião divergente. Se alguém lhe mostrar um mundo diferente daquele oferecido no cardápio tradicional, o idiota do Facebook vai ter um chilique. Pode perder a compostura e desfiar um rosário adornado de palavrões. Ou pode prestar um favor ao discordante, e desadicioná-lo.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

A Grande Máfia Tucana na ALESP




Assembleia abre CPIs que poupam Alckmin e ignora pedido sobre cartel


PAULO GAMA
DE SÃO PAULO


No momento em que a oposição a Geraldo Alckmin (PSDB) promove campanha para instalar uma CPI que investigue a atuação de um cartel em licitações de trem e metrô em São Paulo, a Assembleia Legislativa inicia nesta semana a atividade de três comissões que não têm o Executivo estadual como foco. 

Propostos por representantes de partidos aliados a Alckmin, os três grupos vão apurar as causas da violência contra a mulher, o desaparecimento de pessoas e a regularidade dos serviços prestados pela AES Eletropaulo. Eles terão 120 dias para apresentar suas conclusões.
Alckmin tem dito que o governo é o principal interessado em esclarecer a atuação do cartel e que quer "toda a transparência" no caso. Apesar disso, os deputados da base governista não assinaram o pedido para a CPI sobre o tema. O PT diz ter 27 apoios, apenas um vindo de um partido aliado ao governo.



Para ser protocolada, uma CPI precisa da assinatura de 32 dos 94 deputados da Casa. Depois, é inscrita em uma fila e instalada por ordem cronológica, quando outro grupo encerra suas atividades. Apenas cinco podem funcionar ao mesmo tempo. 

Para que a comissão sobre os transportes funcionasse, seria necessário então que o plenário aprovasse resolução para que uma sexta CPI pudesse atuar excepcionalmente, o que requer 48 votos. 

A bancada se queixa de que a base governista protocola pedidos "sem relevância" para evitar outras apurações. "A posição é apresentar diversos pedidos no primeiro dia da legislatura para inviabilizar CPIs que coloquem em xeque o Executivo", diz Luiz Claudio Marcolino, líder do PT. 
Além das três novas, estão instaladas a comissão sobre mercado de autopeças e a que apura abusos de operadoras de planos de saúde, esta suspensa por ordem da Justiça. 
"Não é manobra, é estratégia política", afirma José Bittencourt (PSD), que requisitou a CPI das pessoas desaparecidas quando estava no PDT, da base governista. Para ele o principal objetivo do grupo será apurar "qual política o Estado tem para enfrentar essa situação". 
"Precisamos ter o diagnóstico para recomendar ações aos órgãos competentes e ter propostas legislativas", diz. 
Vanessa Damo (PMDB), autora do requerimento para a CPI da Eletropaulo, diz que a comissão pretende analisar contratos, fiscalizar ampliações da rede e cobrar o cumprimento de resolução que determina a solução de apagões em no máximo 4 horas. 
A terceira CPI, da violência contra a mulher, foi proposta por Fernando Capez (PSDB). 
Bittencourt e Damo dizem que suas comissões produzirão relatórios finais, o que não aconteceu com as CPIs no lugar das quais os novos grupos foram instalados. 
Em agosto, a Assembleia extinguiu três comissões que não atuaram: telemarketing, a pesca predatória e gordura trans, todas propostas por aliados de Alckmin. 
Maria Lúcia Amary (PSDB), que pediu a CPI da Pesca, diz que convocou o grupo "diversas vezes", mas que não conseguiu quorum. "Não sei se nenhum deputado se interessou pelo tema", relata.


sábado, 14 de setembro de 2013

Gushiken, a mídia e a justiça: uma parábola do país que temos

(Charges como esta, de Caruso, que destacavam Gushiken entre os "mensaleiros", mesmo após sua inocência ter sido provada e declarada, continuavam sendo publicadas no PIG...)
Este texto foi escrito 4 dias antes da morte de Luiz Gushiken
Montaigne escreveu que o tamanho do homem se mede na atitude diante da morte, e citava como exemplos Sócrates e Sêneca.
Os dois morreram serenamente consolando os que os amavam. Sócrates foi obrigado a tomar cicuta por um tribunal de Atenas e Sêneca a cortar os pulsos por ordem de Nero.
Meu pai jamais se queixou em sua agonia, e penso sempre em Montaigne quando me lembro de sua coragem diante da morte, confortando-nos a todos.
Me veio isso ontem à mente ao ler no twitter a notícia de Luís Gushiken morrera aos 63 anos. Depois desmentiram, mas ficou claro que ele vive seus dias finais num quarto do Sírio Libanês, com um câncer inexpugnável.
Soube que ele mesmo se ministra a morfina para enfrentar a dor nos momentos em que ela é insuportável, e para evitar assim a sedação.
Li também que ele recebe, serenamente, amigos com os quais fala do passado e discute o presente.
A força na doença demonstrada por Gushiken é a maior demonstração de grandeza moral segundo a lógica de Montaigne, que compartilho.
Não o conheci pessoalmente, mas é um nome forte em minha memória jornalística. Nos anos 1980, bancário do Banespa, ele foi um dos sindicalistas que fizeram história no Brasil ao lado de personagens como Lula, no ABC.
Eu trabalhava na Veja, então, e como jovem repórter acompanhei a luta épica dos trabalhadores para recuperar parte do muito que lhes havia sido subtraído na ditadura militar.
Os militares haviam simplesmente proibido e reprimido brutalmente greves, a maior arma dos trabalhadores na defesa de seus salários e de sua dignidade. Dessa proibição resultou um Brasil abjetamente iníquo, o paraíso do 1%.
Fui, da Veja, para o jornalismo de negócios, na Exame, e me afastei do mundo político em que habitava Gushiken.
Ele acabaria fundando o PT, e teria papel proeminente no primeiro governo Lula, depois de coordenar sua campanha vitoriosa.
Acabaria deixando o governo no fragor das denúncias do Mensalão. E é exatamente esta parte da vida de Gushiken que me parece particularmente instrutiva para entender o Brasil moderno.
Gushiken foi arrolado entre os 40 incriminados do Mensalão. O número, sabe-se hoje, foi cuidadosamente montado para que se pudesse fazer alusões a Ali Babá e os 40 ladrões.
Gushiken foi submetido a todas as acusações possíveis, e os que o conhecem dizem o quanto isso contribuiu para o câncer que o está matando.
Mas logo se comprovou que não havia nada que pudesse comprometê-lo, por mais que desejassem. Ainda assim, Gushiken só foi declarado inocente formalmente pelo STF depois de muito tempo, bem mais que o justo e o necessário, segundo especialistas.
Num site da comunidade japonesa, li um artigo de um jornalista que dizia, como um samurai, que Gushiken enfim tivera sua “dignidade devolvida”.
Acho bonito, e isso evoca a alma japonesa e sua relação peculiar com a decência, mas discordo em que alguém possa roubar a dignidade de um homem digno com qualquer tipo de patifaria, como ocorreu. A indignidade estava em quem o acusou falsamente e em quem prolongou o sofrimento jurídico e pessoal de Gushiken.
O episódio conta muito sobre a justiça brasileira, e sobre, especificamente, o processo do Mensalão. A história há de permitir um julgamento mais calmo, e tenho para mim que o papel do Supremo será visto como uma página de ignomínia.
Gushiken não foi atropelado apenas pela justiça. Veio, com ela, a mídia e, com a mídia, o massacre que conhecemos.
Um caso é exemplar.
Uma nota da seção Radar, da Veja, acusou Gushiken de ter pagado com dinheiro público um jantar com um interlocutor que saiu por mais de 3 000 reais. A nota descia a detalhes nos vinhos e nos charutos “cubanos”.
Gushiken processou a revista. Ele forneceu evidências – a começar pela nota e por testemunho de um garçom – de que a conta era na verdade um décimo da alegada, que o vinho fora levado de casa, e os charutos eram brasileiros.
Mais uma vez, uma demora enorme na justiça, graças a chicanas jurídicas da Abril.
Em junho passado, Gushiken enfim venceu a causa. A justiça condenou a Veja a pagar uma indenização de 20  mil reais.
O tamanho miserável da indenização se vê pelo seguinte: é uma fração de uma página de publicidade da Veja. Multas dessa dimensão não coíbem, antes estimulam, leviandades de empresas jornalísticas que faturam na casa dos bilhões.
Não vou entrar no mérito dos leitores enganados, que construíram um perfil imaginário de Gushiken com base em informações como aquela do Radar. Também eles deveriam ser indenizados, a rigor.
Gushiken enfrentou, na vida, a ditadura, as lutas sindicais por seus pares modestos, a justiça e a mídia predadora.
Combateu o bom combate.
Por Paulo Nogueira, no "Diário do Centro do Mundo"

terça-feira, 10 de setembro de 2013

CHOREM DIANTE DESTA NEGRA

(DOUTORA, cubana, humana)


Excelente o texto de Fernando Brito, retirado do "CONVERSA AFIADA", sobre os nossos coxinhas de jaleco. 
Clicando aqui, para enriquecer o significado desta matéria, você verá uma das cenas mais ridículas e vergonhosas já vistas, mas que são rotina em nossos hospitais públicos, protagonizada por um mercenário (profissional é outra coisa) da Saúde em pleno exercício (?) da profissão.
Sugiro que, antes, tome um Antiácido.
Boa leitura.

CHOREM DIANTE DESTA NEGRA, DOUTORES! ELA TEM O QUE OS SENHORES PERDERAM


“Somos médicos por vocação, não nos interessa um salário, fazemos por amor”, afirmou Nelson Rodrigues, 45.

“Nossa motivação é a solidariedade”, assegurou Milagros Cardenas Lopes, 61

“Viemos para ajudar, colaborar, complementar com os médicos brasileiros”, destacou Cardenas em resposta à suspeita de trabalho escravo. “O salário é suficiente”, complementou Natasha Romero Sanches, 44.

Poucas frases, mas que soam  como se estivessem sendo ditas por seres de outro planeta no Brasil que vivemos.

O que disseram os primeiros médicos cubanos do  grupo que vem para servir onde médicos brasileiros não querem ir deveria fazer certos dirigentes da medicina brasileira reduzirem à pequenez de seus sentimentos e à brutalidade de suas vidas, de onde se foi, há muito tempo, qualquer amor à igualdade essencial entre todos os seres humanos.

Porque gente que não se emociona com o sofrimento e a carência de seus semelhantes, gente que se formou, muitas vezes, em escolas de medicina pagas com o imposto que brasileiros miseráveis recolheram sobre sua farinha, seu feijão, sua rala ração, gente que já viu seus concidadãos madrugando em filas, no sereno, para obter um simples atendimento, gente assim    não é civilizada, não importa quão bem tratadas ejam suas unhas, penteados os seus cabelos e reluzentes seus carros.

Perto desta negra aí da foto, que para vocês só poderia servir para lavar suas roupas e pajear seus ricos filhinhos, criados para herdar o “negócio” dos pais, vocês nao passam de selvagens, de brutos.

Vocês podem saber quais são as mais recentes drogas, aprendidas nos congressos em locais turísticos, custeados por laboratórios que lhes dão as migalhas do lucro bilionário que têm ao vender remédios. Vocês podem conhecer o último e caro exame de medicina nuclear disponível na praça a quem pode pagar. Vocês podem ser ricos, ou acharem que são, porque de verdade não passam de uma subnobreza deplorável, que acha o máximo ir a Miami.

Mas vocês são lixo perto dessa negra, a Doutora – sim, Doutora, negra, negrinha assim!- Natasha é, eu lhes garanto.

Sabem por que? Por que ela é capaz de achar que o que faz é mais importante do que aquilo que ganha, desde que isso seja o suficiente para viver com dignidade material. Porque a dignidade moral ela a tem, em quantdade suficiente para saber que é uma médica, por cem, mil ou um milhão de dólares.

Isso, doutores, os senhores já perderam. E talvez nunca mais voltem a ter, porque isso não se compra, não se vende, não se aluga, como muitos dos senhores, para manter o status de pertenceram ao corpo clínico de um hospital, fazem com seus colegas, para que dêem o plantão em seus lugares.

Os senhores não são capazes de fazer um milésimo do que ela faz pelos seres humenos, desembarcando sob sua hostilidade num paìs estrangeiro, para tratar de gente pobre que os senhores nao se dispõem a cuidar nem querem deixar que se cuide.

Os senhores nao gritaram, não xingaram nem ameaçaram com polícia aos Roger Abdelmassih, o estuprador, nem contra o infleiz que extorquiu R$ 1.200 para fazer o parto de uma adolescente pobre, nem contra os doutores dos dedos de silicone, nem contra os espertalhóes da maternidade paulista cuja única atividade era bater o ponto.

Eles não os ameaçaram, ameaçaram apenas aos pobres do Brasil.

Estes aì, sim, estes os ameaçam. Ameaçam a aceitação do que vocês se tornaram, porque deixaram que a aspiração normal e justa de receber por seu trabalho se tornasse maior do que a finalidade deste próprio trabalho, porque o trabalho é um bem social e coletivo, ou então vira mero negócio mercantil.

É isto que estes médicos cubanos representam de ameaça: o colocar o egoísmo, o consumismo, o mercantilismo reduzidos ao seu tamenho, a algo que não é e nem pode ser o tamanho da civilização humana.

Aliás, é isso que Cuba, há quase 55 anos, representa.

Um país minùsculo, cheio de carências, que é capaz de dar a mão dos médicos a este gigante brasileiro.

E daí que eles exportem médicos como fonte de receita? Nós não exportamos nossos meninos para jogar futebol? O que deu mais trabalho, mais investimento, o que agregou mais valor a um país: escolas de medicina ou esteiras rolantes para exportar seus minérios?

É por isso que o velhissimo Fidel Castro encarna muito mais a  juventude que estes yuppiescoxinhas, cuja vida sem causa  cabe toda dentro de um cartão de crédito.

Eu agradeço à Doutora Natasha.

Ela me lembrou, singelamente, que coração é algo muito maior  do que aquele volume que aparece, sombrio, nas tantas ressonâncias, tomografias e cateterismos porque passei nos últimos meses.

Ele é o centro do progresso humano, mais do que o cérebro, porque é ele quem dá o norte, o sentido, o rumo dos pensamentos e da vida.

Porque, do contrário, o saber vira arrogância e os sentimentos, indiferença.

E o coração, como na música de Mercedes Sosa, una mala palabra.

Por: Fernando Brito

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

PL 4330: Atendentes contam "maravilhas" das terceirizadas


Depoimentos de trabalhadores que exercem funções de bancários dentro de empresas de “telemarketing” mostram o quanto situação da categoria pode se agravar caso PL 4330 seja aprovado



São Paulo – Na carteira de trabalho, o registro é de Agente de Marketing I. O salário, de R$ 800, que com os descontos chega a R$ 600. Você, bancário, deve estar pensando que esse trabalhador não tem nenhuma relação com suas atividades, no entanto, a rotina dele inclui abertura e transações em contas de clientes bancários, investimentos, venda de produtos, inclusive, com as mesmas metas diárias e abusivas.

É a realidade de um trabalhador contratado por uma terceirizada, por sua vez, contratada por uma instituição financeira. A fachada não leva o nome do banco, mas é só entrar no prédio que a marca de uma grande instituição financeira está estampada na parede. O registro de patrimônio dos móveis e computadores também está em nome do banco, segundo os funcionários terceirizados. “Quando abrimos a tela do sistema é o nome do banco que aparece, e lá meu nome aparece com o cargo de gerente de conta. Os brindes que ganhamos, o panetone no Natal, tudo vem em nome do banco.”

A situação ilustra o que pode se tornar a atividade bancária em todo o país, caso o Projeto de Lei 4330/2004, do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), seja aprovado. O PL tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, mas será objeto de uma Comissão Geral no plenário da Casa, provavelmente dia 17.

Manifeste sua indignação contra o PL 4330 mandando e-mails para os deputados federais da CCJ da Câmara. Veja e-mails aqui.

> Veja como PL 4330 prejudica os trabalhadores

Hoje, as atividades terceirizadas mais conhecidas são na área de limpeza e segurança, já que qualquer empresa necessita desses serviços, que não são atividades-fim. No entanto, o PL de Mabel permite ampliar a prática da subcontratação para todos os setores de uma empresa, incluindo a atividade principal, precarizando as relações de trabalho.

Clientes desavisados – O cliente que liga para fazer uma transação bancária por telefone costuma imaginar que está falando com um bancário, e que ele está na agência. A afirmação é de uma trabalhadora terceirizada. Segundo ela, até gerentes ligam para a empresa com o objetivo de “esclarecer dúvidas sobre transações”.

Controle do banheiro e metas – “Temos uma pausa de 20 minutos para comer e ir ao banheiro. Qualquer ida ao banheiro durante o expediente deve ser solicitada ao supervisor. Mas tem um limite, se estourar nas pausas, não pode ir mais”, conta uma terceirizada.

As metas também são abusivas. A variável alcança, no máximo, R$ 400 ao mês para quem bate 120% das metas. Quem alcança os 100% recebe menos de R$ 200. “E temos o desafio do dia ou metas diárias, que são surpresas e quem atinge pode ir embora mais cedo, não há remuneração pra isso”, explica a trabalhadora.

Ataque ao trabalhador – Terceirização foi o tema de debate realizado na noite de quinta-feira 5, no Sindicato dos Advogados de São Paulo e entendida como uma mudança no processo de trabalho que atinge fundamentalmente a esfera jurídica. A visão dos convidados foi contrária ao discurso utilizado pelos empresários na defesa da prática.

“O projeto é defendido pela burguesia com o discurso de que o Brasil está perdendo a competitividade internacional e, portanto, é necessário reduzir custos. Mas aqui estamos falando em redução de direitos e da proteção aos trabalhadores. Esse projeto é um ataque direto à ‘carteira azul’”, afirmou o diretor do Sindicato dos Advogados de São Paulo e membro do departamento jurídico do Sindicato dos Metroviários, Thiago Barison.

“Agora não há sequer o argumento da lógica. Querem a terceirização para precarizar, diminuir salários, dificultar a compreensão dos trabalhadores enquanto classe. Essa opressão do capital sobre o trabalho afasta a resistência dos trabalhadores na luta pelos seus direitos”, afirma o professor de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito da USP, Jorge Luiz Souto Maior.

> Terceirizar não visa aumentar competitividade

TST é contra – A luta contra o PL 4330 também recebeu a adesão de 19 ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST), instância máxima da Justiça Trabalhista, que enviaram carta à CCJ destacando a provável “migração massiva de milhões de trabalhadores hoje enquadrados como efetivos das empresas a um novo enquadramento, como trabalhadores terceirizados, deflagrando impressionante redução de valores, direitos e garantias trabalhistas e sociais”.

> Justiça do Trabalho em peso contra PL 4330

Em nota, a Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho) também se posicionou contra o projeto.




Gisele Coutinho, com informações da Rede Brasil Atual – 9/9/2013

do SPBancários: http://www.spbancarios.com.br/Noticias.aspx?id=5685#sthash.TNuYXsEM.m3pZEDQY.dpuf

sábado, 7 de setembro de 2013

Eles podem queimar uma bandeira, mas nunca queimarão os direitos do povo


(o artista suíço homenageia seus representantes)
7 de setembro de 2013 | 17:26

Um bando de idiotas arrancar do mastro e queimar uma bandeira do Brasil , como fizeram hoje os Black Blocs, nos Rio, é só o que é: a ação de um bando de idiotas.
Bobagem torná-lo um crime – embora tecnicamente o seja – maior.
É um ato que só serve para identificar - mesmo mascarados - quem eles são: pessoas que, embora gritem “fora Globo”, tem o mesmo desprezo que ela por essa identidade que nos mantém íntegros e dá uma mínima – mínima mesmo – proteção contra a voracidade dos interesses dominantes do mundo.
Estes babacas não se deram conta que só nos arrancaram toneladas e toneladas de ouro, boa parte da riqueza porque não tínhamos uma bandeira a nos unir como Nação, e o seu primeiro ensaio, o triângulo vermelho da bandeira mineira de Tiradentes, serviu de mortalha a seu corpo retalhado.
E desde Castro Alves, que preferia vê-la “rota num campo de batalha” a servir ao povo negro de mortalha, lutamos para que ela nunca cobrisse a vileza, a desumanidade, refém de mãos indignas,  sem que nós jamais tenhamos confundido-a com a opressão que sob ela se exercia.
Por que? Se ela fosse desimportante, que nos doeria? Um pedaço de pano como qualquer outro, afinal…
Não, um milhão de vezes não. Ele é um símbolo da nossa igualdade, neste país que discrimina pobres, negros, nordestinos, índios e todos os que não fazem parte da elite egoísta que a eles nega e quer negar tudo e só uma coisa não pode recusar: que sejam brasileiros e que tenham nas mãos calosas e ásperas o mesmo voto que as suas, brancas e cuidadas,
E, com isso, o direito de dizer quais serão os ventos que a farão tremular, se os da independência ou os da submissão colonial, que é o paraíso para sua mediocridade.
A bandeira negra que hastearam em seu lugar, enquanto ela ardia não é do anarquismo, é a da pirataria internacional, que nos saqueia e mais quer saltear e adoraria livrar-se deste único pedaço de pano que mitiga a vergonha de uma classe dominante que alimenta seus privilégios com a miséria do povo brasileiro, com o saque ne nosso solo e subsolo, com a predação da vida que viceja exuberante nesse trópico como não viceja lá, na frieza encruada de terras raquíticas com povos gordos.
Eles são apenas estúpidos, incapazes de perceber isso, porque incapazes de amar de verdade seus irmãos brasileiros, que consideram uma massa amorfa, incapaz de pensamentos e de sentimentos.
Não é de povo que querem que se encham as ruas, porque o povo lhes daria meia dúzia de cascudos e os reduziria ao que são, guris inúteis, que jamais viram um trabalhador senão como porteiros do seu prédio ou faxineiras de suas imundícies.
Só quem os tolera, mesmo condenando suas depredações, aprecia sua utilidade como criadores de confrontos que afastam o povo e enfraquece suas aspirações.
Por eles são aceitos, impunes, nutridos dentro de manifestações que levantam “a moralidade” como razão, para as quais dão, pelo confronto violento, o destaque que de outro modo não teriam, pela esqualidez dos que protestam contra todos e contra tudo, embora só tenham um alvo: um governo que, mesmo com todos os seus imensos defeitos, encarna os sonhos de soberania e justiça social deste país.
É que eles nunca viram imoralidade na fome, na mortalidade infantil, no analfabestimo, no saque de nossas riquezas, na entrega do nosso petróleo.
Por isso é que toleram suas traquinagens adolescentes, até mesmo queimar a bandeira brasileira.
São uns tolos, que o monstro do autoritarismo – se conseguirem despertá-lo, com as suas barulhentas bagunças – varrerá de pata.
Entretanto, não o farão, porque o povo brasileiro não aceita mais ser tutelado, nem ser saqueado. Seja pelos trocados da corrupção seja, sobretudo, pelos bilhões das perdas que um sistema econômico injusto e pela não-distribuição da riqueza nacional, contra as quais não se vê um mísero cartazinho.
Eles nasceram da mídia e só por ela sobrevivem, porque lhes servem, mesmo enjeitados nos seus editoriais.
Porque eles, filhos de uma escuridão mais opaca que suas roupas e capuzes, não podem sobreviver à luz do dia e do debate.
Mais demoracia, mais! Isso é um veneno para os idiotas da sombra.
Por: Fernando Brito
Do TIJOLAÇO

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Caccia Bava - É muito dinheiro!


(ilustração do site de origem)

Em meio a esta discussão sobre a falta de recursos para investir no social – no transporte público, no salário dos professores, no sistema de saúde e em tudo o mais que pode tornar a vida melhor para as maiorias – fomos procurar recursos públicos... e encontramos muito dinheiro! Mas não é fácil acessá-lo.

Durante décadas as grandes empresas investiram pesadamente, influenciando o Parlamento e o Executivo para moldarem uma legislação e políticas que atendam a seus interesses. Nos anos 1990, com a hegemonia do pensamento neoliberal se afirmando no Brasil, o governo orientou suas políticas para facilitar, ou amplificar, o processo de acumulação das grandes empresas. O dinheiro público é destinado a potenciar investimentos privados, ou a remunerar aplicações financeiras.

A autonomia do Banco Central é um dogma neoliberal que comprova a hegemonia dessa doutrina; na prática, entrega a gestão da política econômica ao setor financeiro privado. O compromisso com o superávit primário garante aos rentistas o pagamento do serviço da dívida, que consome hoje mais de 48% do total dos impostos arrecadados. Os principais credores da dívida pública são as corporações financeiras nacionais e internacionais e os fundos de investimento. A taxa Selic serve para assegurar essa extraordinária rentabilidade para os investidores que compram títulos da dívida pública. 

E o risco zero desse investimento está garantido na própria Constituição de 1988, em seu artigo 166, § 3o, que trata das emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem, impedindo que os cortes orçamentários incidam sobre o serviço da dívida. Pode-se cortar o orçamento das políticas sociais, mas nunca a remuneração assegurada aos rentistas.

No âmbito do Judiciário, as facilidades continuam. As dívidas pelo não pagamento dos impostos podem ser proteladas por anos; depois de vencido o último recurso, elas podem ser parceladas em até sessenta meses e ao final ainda receber abatimentos − descontos que chegam a 40% do valor principal no caso do agronegócio. Essas políticas públicas são um verdadeiro incentivo à sonegação.

Mas as fontes de receitas possíveis não são só as dívidas que não foram pagas pelas empresas aos poderes públicos: há o dinheiro dos impostos que não entrou, por conta de toda uma legislação que facilita a vida das empresas e de seus “planejadores tributários”, profissionais especializados em aproveitar as brechas legais para evitar o pagamento de impostos. 

Também entra nessa conta o que é remetido ilegalmente para os paraísos fiscais, uma prática tão tolerada quanto a atuação dos “doleiros”, operadores do sistema financeiro conhecidos pela mídia que enviam clandestinamente recursos para fora do país. Além disso, podem entrar nessa lista os subsídios para setores da indústria e do agronegócio. São as grandes corporações internacionais, como a indústria automotiva, que não precisam, mas recebem subsídios, transferências do dinheiro público em apoio à sua atuação.

Há ainda o comércio internacional intracorporativo, que faz sua contabilidade de maneira a zerar os lucros e os impostos devidos. Entre os países que mais importam produtos brasileiros, sejam eles quais forem, se destaca a Suíça! Mesmo que os produtos nem sequer passem por lá, a escrituração fiscal da grande maioria das empresas brasileiras exportadoras traz esse destino, beneficiando-se dos baixos impostos lá cobrados.

Seria ingenuidade pensar que os expedientes para a sonegação fiscal param por aqui, mas já temos informações suficientes para dizer que um grande desafio é cobrar os impostos de quem deve. Com esse dinheiro seria possível atender às demandas das ruas e, em pouco tempo, às necessidades de todos. Especialistas da área tributária estimam que a sonegação fiscal esteja em torno de 40%, ou até mais em alguns setores.

Não estamos falando de pouca coisa. A União tem a receber mais de R$ 1 trilhão lançados na dívida ativa, principalmente de grandes empresas; outro R$ 1 trilhão é dinheiro de empresas e empresários brasileiros depositado em paraísos fiscais.

No plano estadual, também temos recursos disponíveis, mas não cobrados. Por certo a dívida ativa mereceria mais atenção. Mas outras medidas são possíveis. A cobrança mais efetiva do IPVA na cidade de São Paulo – um terço dos carros está com o IPVA atrasado – pode gerar uma receita da ordem de R$ 7 bilhões. Dividido meio a meio com o governo do estado de São Paulo, esse montante poderia ser destinado à melhoria dos transportes coletivos metropolitanos.

Considerando uma escala menor, se a prefeitura de São Paulo, por exemplo, recuperasse dos devedores 10% de sua dívida ativa por ano, poderia oferecer, por dez anos, transporte público gratuito aos usuários.

O que não pode continuar ocorrendo é o Estado acobertar os grandes devedores. Numa tentativa de identificar quem são eles em São Paulo, nem mesmo esforços feitos junto à Câmara Municipal foram frutíferos. Esse silêncio compromete os governos e o interesse público.


Silvio Caccia Bava
Diretor e editor-chefe do Le Monde Diplomatique Brasil

do Le Monde Diplomatique Brazil

http://diplomatique.org.br/editorial.php?edicao=74